terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Frida


O simples fato de poder circular pelo prédio onde viveu, nasceu e morreu Frida Kahlo, em que morou por muito tempo Diego Rivera e que também abrigou Trotsky, já é motivo suficiente para levar qualquer vivente que se preze até a esquina das Ruas Allende e Londres, na Cidade do México. Ali está a Casa Azul, da família da artista, que hoje abriga o museu dedicado a ela, mas, pricipalmente, à história de amor que teve com Rivera, presente em todos os cômodos, nas correspondências amorosas, nos recados escritos nos quadros e nas próprias obras.
Podem me chamar de fresco, mas foram várias as vezes em que me emocionei passando por ali. Tudo é lindo. Das obras mais sofridas às paredes coloridas. Sem falar nas cartas a personalidades como Einstein e Picasso, nos quadros com que pintores como Modigliani, Gottlieb e Paul Klee presenteavam os amigos latinos. As revistas comunistas, a biblioteca , a cozinha cheia de vida, o estúdio ainda com as bisnagas de tinta, com a cadeira de rodas de Frida, o quarto em que ela pintava deitada na cama, o gesso que envolvia o seu corpo proteger a coluna defeituosa, as diversas peças pré-hispânicas que colecionavam e, em meio a elas, a urna com as cinzas da pintora. Enfim, emocionante. Lamento que não seja permitido sacar qualquerr foto e também não existam postais ou outras imagens à venda. No jardim há um pequeno templo aos mortos, tão presentes nas obras de Frida e que no México são lembrados com cores e comidas que lembram, com alegria, a tristeza da partida. Do pátio, remeto uma foto.

Devastador. Mas vazio
O domingo foi dedicado ao Heavy Metal. Acordei cedo e fui ara Tlanelplanta, uma cidade aqui na região metropolitana da Cidade do México. Longe pra caralho. Nada que um metrô, um ônibus e muitas perguntas não resolveram. O Devastation Heavy Metal Fest reuniu mais de 20 bandas mexicanas, incuindo Transmetal e Luzbel, duas das principais. me receberam na boa, fiquei no backstage, ma so problema de trampar sozinho é que ou eu fazia entrevistas ou filmava (e não me deixaram filmar músicas inteiras, mas apenas trechos). Filmei. Fotografei. E curti as bandas. Transmetal é bom pra caralho. Qunado tocaram El llamado de la hembra e El Infierno de Dante a gurizada ficou louca. Disgorge também matou a pau. Não é a toa que são os melhores do grindcore mexicano e talvez a melhor nova banda de metal do país. E também valeu a pena conhecer a Piraña, que fez uma apresentação de gente grande, assim como a Agony Lords, que já tem um mais tempo de estrada.
Lamentável foi o pouco público. O Centro de Convenções onde aconteceu o festival é enorme, a estrutura montada foi de primeira, som de ótima qualidade. Mas realmente faltou foi é público. Uma pena. Na verdade o sábado também foi dedicado, em boa parte, ao metal. Fui à Tianguis del Chopo, a galeria do rock dos mexicanos. Mas aqui é a céu aberto e nos sábados. Já se vão 28 anos desde o começo dessa farra da música pesada. Na verdade, hoje está mais diversificado, se encontra um pouco de tudo. Para orgulho dos headbangers brasileiros, muita coisa do Sepultura, do Ratos de Porão e do Sarcófago. Difícil é achar os Cds das bandas daqui. São muito baratos e por isso vão rápido. Aqui um CD de banda local custa o equivalente a uns R$ 12. A tentação é não cair matando e comprar tudo. Não aguentei e adquir dois vinis para a coleção. O primeiro do Transmetal e o primeiro do Luzbel, nas suas prensagens originais. Bom é que no México não despertaram para a valorização do bolachão. Só não sei como vou carregar esses discos...
Conheci o Ismael, que é dono de uma das tendas há mais de década. Disse que que me ajudar, descolar uns poucos livros que existem sobre o movimento no México, vender cds a preço de custo. Iisso tudo pq sou brasleiro e quado ele esteve no Brasil foi muito bem tratado! E viva a irmandade latina!

Metrô
Metrô no éxico é uma beleza. Tem pra tudo quato é lado. É barato pra caramba (2 pesos, ou seja, 40 centavos de real), seguro e engraçado. A graça está no fato de que os vagões são meioq ue mercados livres. Em tudo quanto é estarão entra um sujeito com um cd ou dvd player, uma caixa
de som e lacra o volume, oferecendo discos e compilações piratas ou dvds com passos de dança. Hoje tinha um cd cristão, com direito a Jesus Crist e Amigo cantadas pelo Robertão em español. E também teve o vendedor politizado, com o documentáro The Corporation. ena que não tinha um gravador para registrar o discurso do cara, que foi fantástico, falando mal das grandes corporações. Claro que também tem os vendedores de comida. Bolachas são o mais comum.

Sem rumo
To pra ver um povo maisperdido que o mexicano. caralho, eles têm um sério problema de direção. Assim, antes de confiar piamente nas dicas que te derem, cheque com mais alguém. São capazes de errar uma coisa que está no mesmo quarteirão. Dizem esquerda e apontam para a direita...enfim, uma confusão. mas em defesa dos hermanos, digo que são muito amáveis.
Comer aqui é barato e bom. Tacos burritos para todos os lados. Há as tortas também, que apesar do nome são sanduíches enromes. Tem uma tal torta cubana que e uma bomba, vem de tudo um pouco dentro. Quem não tolera pimenta que esteja aleta. Tudo, absolutamente tudo, leva a maldita. Tô me acostumando agora, mas no início foi, digamos, ardido.

Buenas, conforme for vendo coisas novas e lembrado de coisas pitorescas que já aconteceram, volto a escrever. Vou nessa. Tô com preguiça.

Beijos e abraços

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Se a primeira impressão é a que fica, a cidade do México já me conquistou

Feliz Natal! Espero que as festas para todos tenham sido, ou melhor, estejam sendo, maravilhosas. Minha ceia natalina é que não foi das mais emocionantes. Dois sanduíches de presunto e queijo e água, devorados num canto da rodoviária da Cidade do México, às 3h da manhã, quando cheguei de Monterrey. Mas o rango tava bom! De sobremesa, bolachas recheadas. Hummmm....

Buenas, estou há menos de 24 horas na Cidade do México. Mas se o velho ditado comercial de que "a primeira impressão é a que fica" for verdadeiro, essa grande metrópole já tem um lugarzinho guardado entre meus lugares prediletos. Claro, tenho consciência de que isso pode mudar ao longo do tempo em que estarei por aqui, mas por enquanto, só alegria. O bairro em que estou certamente ajuda: Roma. O lugar é bonito, sossegado, com várias opções de cinema, livrarias, lojas de cds e botecos (que ainda tenho de desbravar). Estou num albergue bacaninha, mas amanhã me mudo para outro, aqui pertinho, que deverá ser aminha morada ao longo de um mês. L´atem lavanderia e a cozinha, para fazer o próprio rango, é legal. Mas, como diria Jack, vamos por parte.

Pinchazo del alemán
Estava eu caminhando pelas calles de Durango quado me deparei com o Restaurante dos Pampas. Servem comida típica tupiniquim, que não provei em razão do excesso de sal (no preço). Mais adiante encontrei o Café Brasil. Éstava fechado. Na casa que abriga o estabelecimento nasceu uma das maiores atrizes do cinema mexicano, Dolores del Rio. Ela participou, por exemplo, do filme Maria Candelária, vencedor do festival de Cannes na década de 1940. Bem, já que achei dois lugares com nomes comuns a qualquer cidade brasileira com mais de 10 mil habitantes, minha meta, agora, e achar o Açougue do Gaúcho e a Borracharia do Alemão. Aceito as traduções: Carniceria del Gaúcho y Pinchazo del Alemán.
Bobagens à parte, Durango é uma cidade bonita. O povo usa chapéu de cowboy mesmo, rola um clima "western". O povo é simpático, mas meio desconfiado. Não dá muita trela. Mas nada que comprometa. Acho que o lance de eu parecer americano, combinado à aind aindigesta guerra contra os yankes no século XIX não ajudam muito. Fiquei num hotel chamado Buenos Aires. Meio porcão, mas tudo bem, a parada era curta (tenho de aprender a não olhar debaixo da cama. Quem meda!). Claro que fui para a cidade cenográfica Villa del Oeste. É menor do que eu esperava, mas divertida. Está lá tudo o que se vê num clássico filme do John Wayne, o que inclui a ferraria, o banco, a forca no meio da praça, a funerária, a alfaiataria, a igrejinha e umas casitas más, além, é claro, de um tribo indígena com suas tendas. O ponto alto é o Saloon, onde são feitas encenações de péssima qualidade. Atores fraquinhos, piadas piores ainda. Só as mexicanas é que foram bem escolhidas (perdoem a cafajestagem). Não há muito mais para se fazer no velho oeste. É ver o espetáculo, circular pela cidadela e pegar o ônibus com destino à cidade. Como fui na última apresentação, voltei com os índios, vaqueiros e vedetes! risos

Uma das coisas que atraem os cineastas a Durango é o belo céu da região, que favorece à fotografia. Realmente, é um espetáculo. No dia seguinte, fui conhecer o Museu do Cinema. Esse pobre coitado, sim, tá esquecido. Não repuseram sequer legendas que caíram. Dá vontade de se oferecer para esrevê-las. De qualquer forma, tem umas filmadoras antigonas, umas moviolas e os cartazes dos longas rodados ali. Brabo foi que o horário de abertura era 10h da matina. Cheguei às 10h30 e o guarda tinha ido comprar Coca-Cola no bar. Voltou só às 11h...

Resolvi ir embora no final da tarde. E o que vei a seguir foi o mico da viagem até agora.

Cuatro Ciélagos
Aos interessados em vir ao México, anotem esse nome para lembrar. E se planejarem a vinda no inverno, anotem para lembrar de esquecê-lo. A pequenina cidade é conhecida pela suas pozas, que são piscinas que se formaram no meio do deserto. Uma espécie de lençóis maranhenses sem areia e com pedras no lugar delas. Li no Lonely Planet maravilhas e fiquei empolgado para mergulhar or ali,. Tem até uma meção, no guia, falando das águas sempre quentes de uma dessas panelas. O fato é o seguinte: saí de Durango com um calor canino e cheguei a Cuatro Ciélagos às 2h30 da manhã com temperatura abaixo de zero! Dormi na rodoviária o resto da noite (eu e um mendigo) e de manhã fui procurar hotel, que lá eram raros e, por isso mesmo, caros. Achei um bem legal, por preço aceitável e me hospedei. Perguntei pro cara da recepção sobre as pozas e a resposta foi de que só se eu fosse louco entraria na água. Pensei em encarar assim mesmo. mas aí o obstáculo foi outro: não havia nenhum transporte disponível para ir até lá. São mais de 20 km no deserto. Não tem táxi nessa época do ano e nem ônibus. Mais da metade dos restaurantes da cidade estavam de férias, assim como a prefeitura e também o serviço de apoio ao turista. Conclusão: dia totalmente perdido. Não vi a merda das pozas. Mas pelo menos dormi como não fazia há tempos. Tratei de comprar uma gorditas, que são mito faosas por aqui, e fui comê-las noo hotel. Gorditas são tortilhas recheadas com várias coisas, como guacamole e carne com chili. Enchi o panduio e descolei uma passagem para Monterrey, a terceira maior cidade do México. E assim cotinuei a jornada.

Monterrey
A cidade é grande, poluída, mas bela. O albergue muito legal e barato. E os museus, um espetáculo. No primeiro dia fui ao Museo del Noreste, que conta a história da região mexicana. Para minha felicidade era dia de visitas gratuitas. O lugar é fantástco, tanto pelo prédio moderno, como pela praça que o circunda e abriga outros dois museus. Os recursos interativos são de babar. Vieram até confiscar o chiclé que eu tava mascando e fotos são proibidas. A mostra temporária, muito boa, é sobre Bernardo Reyes, um importante político da reião no início do século XX. Um grande filho da puta que apoiava o Porfírio Dias, na verdade. Mas cada um com seus escrotos!

Na sequência, fui ao Museu de História Mexicana, que fica em frente. Ainda mais fascinante. Está rolando uma exposição temporária sobre Las Castas de La Nueva España, com várias coleções de pinturas que retratam a mescla de raças entre espanhóis, índios e negros. Essas coleções eram comuns à época e encomendadas por diferentes famílias. Era uma espécie de arte feita em larga escala, como os artesanatos de hoje. Legal é que deixam tranparecer a hierarquia social, os preconceitos (os negros, por exemplo, eram considerados "esquentados" e desordeiros e por isso normalmente aparecem fazendo gestos bruscos) e hábitos (fica clar, também, que as mulheres, em mutas casas, eram as provedoras e quem mandava, principalmente nos retratos de ídios, em que os homnes aparecem em funções pouco nobres e com caras submissas). Eu não tinha idéia da vasta nomencatura que existia para definir as misturas étincas. Ela está está bem traduzida nesse trecho que transcevo, creditado ao frei Francisco de Ajofrín (1763):

“De español e india nace mestiza; de español y mestiza nace castiza;
de español y castiza, española; de español y negra, mulato;
de español y mulata, morisco; de español y morisca, albina;
de español y albina, tornatrás; de español y torna atrás, tente en el aire;
de indio y negra, nace cambujo; de cambujo e india, lobo;
de lobo e india, albarazado; de albarazado y mestiza, barcino;
de barcino e india, zambaigo; de mestizo y castiza, chamizo;
de mestizo e india, coyote.
Los lobos, cambujos y coyotes es gente fiera y de raras costumbres.”

O segundo piso do Museu é um resgae de toda a história mexicana, muito bem feito e detalhado. Há vídeos, áudios e pontos interativos por toda a parte, como, por exemplo, um enorme calendário maia, que permite que vc vá marcando as datas com os símbolos que utilizavam os índios. As salas sobre cinema e literatura também são ótimas, assim como a sobre as ferrovias, com direito a uma locomotiva inteira e um vagão que abriga a mostra sobre o tema.

O museu do Palácio do Governo eu pulei. Já tava cansadão e com fome e fui pro centro comecial. comer tacos e burritos. Aliás, por toda a parte vc pode encontrá-los. São baratos. Um taco sai por pouco mais de R$ 1,50, e os burritos não fogem mito desse preço. Ainda tô me habituando à pimenta, que realmente se faz presente em todas as comidas. Dependendo do lugar, até o guacamole bota medo. A noite é que estava meio fraquinha, creio que por conta da anteéspera de Natal.

No outro dia, acordei cedo e fui pro Museu de Arte Contemporânea. Lindo também. No Marco, como é chamado, vi duas exposições. Sempre acho museus de arte contemporânea arriscados, principalmente se estiver em cartaz um exposição em que mais da metade das peças tiver como título "Sem título". Mas tive sorte. A primeira das mostras era de Maria Izquierdo, uma das primeiras pintoras famosas do México. Seus quadros vão de naturezas mortas ao surrealismo. O auto-retrato lembra muito os de Frida Kahlo. A outra exposição é a do inglês Antony Gormley. Linda e pra pensar na vida. E o melhor: com o livreto em mãos, dá para entender todo o processo criativo, o que é um alívio.

Dali fui até a rodoviária, comprar as passagens para cidade do México e rumei, na sequência, ao Parque de la Fundidora. O nome se deve justamente ao fato de ali ter funcionado um gigantesca casa de fundição. O lugar é muito legal, com os antigos prédios e chaminés preservados, e os primeiros transformados em Pinacoteca, casas culturais e na ótima Cinefotoeca. Neste último espaço está uma exposição de Pedro Meyer, um dos grandes fotografos mexicanos e um dos mais importantes da atualidade. As fotos são fortes e estão sendo exibidas, simultaneamente, em 60 países. Muitas delas do movimento sandinista, na Nicarágua, outras do terremoto que devastou boa parte da cidade do México em 1985, algumas sobre o Movimento Estudantil de 1968 no México, que resultou na morte de centenas de manifestantes pouco antes das Olimpíadas sediadas pelo país naquele ano, e várias de outros cantos do mundo, como EUA e Cuba.

E então, chegou a hora de dizer tchau e rumar para a Cidade do México. Não rolou confraternização natalina no ônibus. E cheguei aqui antes do previsto, o que me obrigou a mais uma noitada em banco de rodoviária para esperar o metrô abrir. Aliás, rodoviária é um dos lugares mais incríveis para se estar. Dá um baita documentário.

Vicky Cristina Barcelona
Bem, sobre o bairro de Roma, vou ter bastante tempo para escrever. Assim como sobre a cidade. Então, vou finalizar falando do filme do Woody Allen. Hoje tirei meu atraso de cinema e vi duas películas em sequência. O primeiro filme, O Menino do Pijama Listrado, passou na mostra de Sampa, em outubro, e havia perdido. Bom, mas nada demais. Já Vicky Cristina Barcelona é imperdível. O velho Woody é foda. Não há cidadão que não se identifique com as personagens que ele constrói. Eu me vi numa delas e quem me conhece e assistiu ao longa sabe quem é. O filme é bonito, o roteiro muito bom, enfim, imperdível (uma redundância em se tratando de Woody Allen).Me animou inclusive a escrever. A música não me sai da cabeça. Vou dormir pensando nela. E em como a vida passa depressa.

Beijos
Gu

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Do sol...para o sol

Cheguei em terras que lembram o velho oeste. E não estou de brincadeira. A região de Zacatecas, cidade que me abriga nomomento, já foi set de filmagens para muitos filmes de western. Cheguei aqui hoje pela manhã. Na terça-feira, depois de muito matutar sobre prós e contras, saí de Mérida em direção a Cancun. O objetivo foi pegar um avião até a cidade do México. Isso por conta de uma relação tempo x dinheiro vantajosa. Se eu pegasse o ônibus de Mérida para a Cidade do México, seriam 23 horas de viagem, mais oito horas até Zacatecas. Saíndo do litoral, pelo mesmo preço, foram apenas 2h até a Cidade do México e, aí sim, mais oito horitas de ônibus até aqui. Com a vantagem de poder conhecer pelo menos um pouco de Cancun. Sinceramente, não estava nos meus planos, porque não me desperta muito interesse ir a um lugar cheio de shopping centers e mais caro. Mas achei um albergue barato (100 pesos) e o marzão, azul, muito azul, compensou. A cidade é bem comercial. E agitada. Festerê e mais festerê. A salvação da lavoura são os ônibus municipais, baratinhos e que levam a qualquer lugar.

Bem, fiquei só um dia, mas foi tempo suficiente para encontrar uma boa loja de Cds e finalmente comprar alguns de bandas de metal mexicanas. Aliás, tive uma ótima notícia. No dia 28 vai acontecer um grande festival na cidade do México, em que vão estar presentes quatro das maiores bandas da história do gênero no país - Transmetal, Luzbel, Next e Makina - além de algumas da nova geração - como Disgorge e Lords Agony. O melhor dessa história é que escrevi para os organizadores e me deram acesso livre ao festival e às bandas. Beleza pura! Tomara que renda.

Bem, a viagem de avião até a Cidade do México foi sossegada, apesar da dificuldade para pousarmos em razão do congestionamento aéreo. A tranquilidade foi aind amaior porque do aeroporto até a estação rodoviária norte tem metrozão direto. Cheguei na rodoviária, comprei o boleto e esperei umas horas. O objetivo (pobre é uma desgraça) foi passar as oito horas no ônibus e economizar a hospedagem. Deu certo. Até porque tive a sorte de viajar solito, sem companheiro de banco.

Cheguei aqui, comi tacos na rodoviária, de desayuno, e fui procurar o transporte público para chegar ao centro, que fica há uns três quilômetros. Moleza. Encontrei o albergue e fui atás de outro transporte, agora para La Quemada, onde há templos (só para variar). Mas esses são diferentes. Normalmente creditados aaos Aztecas (há conrovérsias) e no meio de um deserto bonito pra caralho. Vejam as fotos no Orkut. Emocionante. Vistas inesquecíveis. O ônibus me largou numa encruzilhada, de onde foi preciso caminhar mais dois quilômetros no sol, por uma estradinha praticamente deserta. Repito: cada vista valeu cada passo no calor. Teve esquilo correndo, gavião voando e o parque só para mim. Eu era o único visitante.

Depois, voltei para conhecer a Mina El Eden, que foi exlorada por mais de 400 anos. Hoje só se pode visitar o quarto andar, 500 metros mina adentro. Milhares perderam a vida por ali, mas não se sabe ao certo quantos, porque os espanhóis não contavam os índos como gente...Saíndo d amina, logo ao lado, está o teleférico, que peguei para ir ao mirador e ver a estátua em homangem a Pancho Villa. Foi aqui que ele conquistou importantes vitórias na revolução mexicana e foi por estas terras que se formou a Divisão del Norte.

Mas amanhã, sim, sigo para a "meca" do cinema bangue-bangue no México: Durango. Por lá já foram filmados vários longas do gênero, entre eles o ótimo "Um homem chamado cavalo", filme a que fui apresentado pelo meu pai. Mais recentemente, foi ali que filmaram "Zorro", com Antônio Bandeiras.

Besos e abrazos,
Gu

P.s. Encontrei o primeiro brasileiro perdido no México, ainda em Mérida. Luiz, de Belo Horizonte. O cara se queixou das mesmas coisas que eu. Disse não aguentar mais falar em inglês. Claro que rolou a generosidade entre os brasileiros e dei a ele o meu guia da Guatemala, para onde estava seguindo.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Asesino en Mérida

Volto à ativa depois de uma semana de folga dos teclados. Já estou em Mérida há quatro dias. A cidade, capital do estado de Yucatán, é relativamente grande - 900 mil habitantes -, com ruas tomadas por casas do período colonial - o que lhe dá um certo charme - e serve como um ponto de parada para conhecer alguns atrativos mexicanos, principalmente na área da arqueologia. Daqui é comum os viajantes partirempara tempos como os de Chichén Itzá e Uxmal, dois dos principais.

Mas comecei mesmo foi pelo Heavy Metal. Cheguei na sexta à noite, larguei minha mochil ano albergue e fui para o show da Asesino, banda do Dino Cazares que passou recentemente por São Paulo, mas que por motivos óbvio snão pude ver pr aí. A abertura ficou por conta de duas bandas locais, Traumator e Tenebras. Ruins de doer. Tanto que nem o nome guardei e tive de colar do meu ingresso, agora, para contar. O bacana de ir a shows de metal é a receptividade da gurizada. Na fila, o papo rolou solto depois que descobriram que eu sou brasileiro. E no show, bebi uma boa quantidade de cerveja de graça. Cada um que descobria minha origem, fazia questão depagar um trago. Teve gente oferecendo a casa para ficar, outros dizendo que podem me levar a pontos turísticos, etc. Boaarte, tenho certeza, resultante do teor alcoólico. Bem, quando a Asesino subiu ao palco os headbangers enlouqueceram. Pauleira total. Claro que entrei no pit para ar uns pontapés e pra completar, aceitei o "pézinho" ofertado por um dos metaleiros e me joguei por cima do público para ficar navegando um pouco. Foi do caralho. s caras de identificam muito com a banda, que canta em espanhol, ainda que o Dino Cazares seja americano. Toca com uma guitarra com a bandeira do México adesivada. Rolaram algumas músicas do Brujeira, como não podia deixar de ser. Enfim, saldo positivíssimo. Cheguei no albergue de madrugada e por isso me dei folga. Só fiquei caminhando por Mérida. E fiz alguns contatos legais. Juan Pablo, Miguel e Edgar pediramo o número do meu celular brasileiro. E ficaram de ligar. Veremos (risos).

Ontem peguei uma busanga e fui para Chichén Itzá, onde está estão as ruínas maias de mesmo nome e que foram eleitas uma das sete maravilhas do mundo. Anda falta ver muita coisa, mas acdho que merecem o título. Muito mais que o Cristo Redentor, com certeza. A pirâmide, chama El Castillo, é a grande atração. Em primeiro lugar é linda, e isso já basta para explicar o fascínio que exerce. Em segundo, é um templo construído pensando na astrologia e no passar do tempo. Cada uma de suas quatro escadas que dão acesso ao topo possui 91 degraus. Somando-os e adicionando o último degari, que dá acesso ao templo que fica no alto, são 365, referência ao numero de dias do ano solar (o ano dos mais tbém tinha 365 dias). Além disso, a pirâmide tem nove níveis, sendo que cada lado é dividido por uma escada, o que representa 18 "fragmentos", referência ao número de meses do calendário deles.

Mas o mais impressionante é a orientação do prédio. Duas vezes por ano há um verdadeiro espetáculo dos equinócios por aqui. Nos dias 21 de março e 22 de setembro, por aproximadamente 10 minutos, é possível ver um efeito proporcionado pela incidência da luz solar. Durante esse tempo, o sol forma triângulos isóceles ao longo de toda a escadaria principal, em cuja ponta há uma cabeça de cobra. Esses triângulos formam o corpo do animal. É de arrepiar. Evidentemente, em razão da data não pude ver o fenômeno. Mas me animei a ficar esperando anoitecer para ver o espetáculo de som e luz, que o reproduz artificialmente.

O fato é que o espetáclo vale a pena não só quando as luzes estão ligadas. Quando se apagam, há um outro evento paralelo, que é ver o puta céu estrelado. Muita gente ficou procurando discos voadores. Eu, inclusive. Não fomos bem-sucedidos, ainda que presenteados com duas estrelas cadentes. Para quem não sabe, essa região do México é famosa pelas aparições. Mas não foi dessa vez...Manão, pode ter certeza de que continua procurando. Não deve ser em vão que os maias daqui diziam que seus deuses moravam nas estrelas. Ou deve?

Amarillo

Hoje embarquei emoutro onibus, agor aocm destino a Izamal, uma pequena cidade distante duas horas de Mérida. Não há muito o que se ver, mas a cidade se tornou conhecida por uma curiosidade: todas as casas do ceu centro histórico são amarelas. Bonitinhas. Tava um calor insuportável e um guri ameaçou roubar dinheiro de mim. Foi só eu dizer que ele não iria fazer isso e pronto. Mudou de idéia. Aproveitei para escalar duas das 12 pirâmides maias que resistem na cidade. Não são boitas, mas a Kinich-Kakmmó é enorme.
Há um belo convento. Evidentemente, amarelo. Sua construção terminou em 1561. É lindo e anda resistem pinturas dos séculos XVI e XVII nas paredes. Mas as atraçõe sterminam aí. Depois fui comer um burrito e fiquei falando de futebol com Fernando, o garçom do restaurante da rodoviária. Em seguida, volta paa casa.

Tulum
Fui a Tulum na terça-feira passada, sem muitos planos. Poderia ficar um dia, ou uma semana. Fiquei três dias. A cidade litorânea, próxima a Cancun, é mais atraente para quem é realmente afeito à felicidade permanente, o que não é meu caso. Povo - me refiro aos gringos - sempre animadíssimo, querendo aprontar alguma coisa nova, etc. Como não é o meu caso, apesar da paisagem exuberante, principalmente no Templo Maia, acabei puxando o carro logo. Sério, não aguento mais falar em inglês e alemão. Vão se foder!

Mas durante a estadia em Tulum, algumas coisas legais foi possível curtir. Tinha uma espanholada no albergue que topou fazer uma paella para todos. Muito boa. Depois, fomos para a praia tomar umas brejas e ouvir um deles dedilhar o seu violão. Também agradável. Não tanto quanto a praia, que é um espetáculo, realmente. Escuridão quase total. Só a lua para clarear um pouco as coisas.

Outra coisa, boa foiram as ruínas. Não são tão magníficas como as de Palenque (veja abaixo) ou de Chichen-Itzá, porque foram construídas já no declínio maia. Mas o puta marzão azul que margeia as construção (o nome significa muralha, mas foidado pelos espanhóis) faz do sítio um do smais bonitos. É de babar.

Também fiz uma boa amizade com um eslovena, que tá indo para o Brasil, onde vai fazer um estágio de Medicina, no Recife. Guria gente boa e parceira, que talvez alguns de vocês venham a conhecer, pq tô passando os contatos da Marina aí em Sampa. Bem, além da ruína em Tulum, aproveitei e fui ara a de Coba, que fica perto. Apesar do cenário bonito, no meio da selva, não impressiona muito.



Pancho Villa

Bem, tô pensando em seguir viagem amanhã à noite, depois de percorrer outros templos por aqui. Meu destino deve ser Veracruz, na metade do caminho em direção ao norte do País. Decidid ir a Chiuhahua e de lá seguir os passos de Pancho Villa. Até para mjudar um pouco de ares e de índios, que lá não são maias!

A todos os que mandaram e-mail e não respondi, obrigado e com o devido tempo vou esrevendo. Mas acompanhem aqui a viagem que fica mais fácil.

Saudades, beijos e abraços,

Gustavo


segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Soy demasiado verde

A Guatemala ficou na poeira levantada pelo onibus que me levou até a cidade Behtel, as margens do rio Usamacinta, que separa o país do México. Na saída, a corrupcao institucionalizada. Cobraram 40 questzales da cada um. Nao ha qualquer lei que obrigue o pagamento. Confirmei como cara que me vendeu a passagem. Mas ele recomendou que eu nao teimasse. Nao sabia como os guardas poderiam reagir diante de uma negativa. Que merda. Mas tudo bem. Soh foi dificil o cara acreditar que eu sou brasileiro e que meu passaporte estava em ordem. Olhou, perguntou coisas sobre o Brasil, repassou as folhas do passaporte, perguntou quantos dias eu tinha ficado na Guatemala...enfim, um interrogatório. Até que um outro interferiu e disse para me liberar.

Como saímos as 5h da manha de Flores, na Guatemala, nos deram um tempo para comprar umas bolachas e tomar uma água. Depois, voltamos ao onibus e andamos mais uns 2 quilometros ateh chegarmos, efetivamente, a orelha do rio. Ali, eu e mais tres gringos - duas suecas e um ingles - pegamos um pequeno barco conduzido por um guri que nao deve ter passado dos 14 anos. Fomos contra a corrente rio acima, por uns 20 minutos, até atracarmos na pequena e apavarontemente feia cidade de Frontera Corozal. Taxistas já ficam ali esperando o desembarcar para levar para a estacao rodoviária, de onde partem os onibus em direcao a Palenque.

Antes, de seguir viagem, mais uma parada num posto de fronteira. O ingles apresentou o passaporte, recebeu um formulario que devolveu em seguida e pronto. As suecas demoraram um pouco mais, mas porque nao entendiam como fazer para pagar a taxa de turista que é obrigatória. Até que chegou a vez do tupiniquim que vos escreve. O cara olhou o passaporte, olhou para mim, pediu para eu tirar o quepe, olhou novamente, passou folha por folha o documento e sacou o celular. Foi para uma sala. Só consegui ouvir ele dizendo que tinha um brasileiro na fronteira. Voltou e disse que nao poderia carimbar meu passaporte. Que ao chegar em Palenque eu deveria me dirigir ao Escritório do Servico de Imigracao - que fica ha uns dez quilometros de onde estou hospedado.

Foram mais 1h30 de espera ateh a chegada do microonibus que nos trouxe a Palenque. Na saida da cidade, um grupo de pessoas nos pára. Cobraram 15 pesos de cada um. Segundo eles há uma lei de preservacao que torna obrigatorio pagar ess ataxa. Nunca tinha lido nada a respeito. Mas sei lá. os sujeitos estavam armados...O ingles que tava com a gente nao tinha um puto. Me ofereci para pagar ou o cara ia ter de ficar por ali. O gringo tomou um susto com a oferta de ajuda, ainda mais que as suecas nao abriram a boca para prestar qualquer auxilio. Resvoldio o impasse, finalmente chegamos a estrada. O busao era pinga-pinga como todos os outros. Mais 2h45 de viagem e chegamos. No caminho, duas blitzes de militares nos abordaram. Numa, pediram a nacionalidade de cada um. Quando eu disse que era brasileiro,perguntaram se eupodria mostrar o que levava na mochila de mao. Mostrei na boa. Tudo certo. Na segunda, o cara abriu a porta e comecou a falar sem que a gringada entendesse nada. Aí fui falando por eles. Perguntou de onde estavamos vindo. Respondi que todos estavamos juntos e vinhamos da Guatemala. Ai perguntou para cada um de que país era proveniente. Eu, logicamente, disse "soy de Brasil". E o milico: "No, onde resides?". E eu: "En Brasil, soy brasileño". Aí caiu a ficha.

Continuando. Quando chegamos a Palenque, fui logo para o hotel - que é bem legal, mas um pouco mais caro (uns R$ 30, mas tem banheiro privado e tv). Pedi como chegar ao escritório do Servico de Migracao. O cara me deu o nome do onibus, que felizmente passa bem perto, na esquina, e fui. O escritorio da imigracao fica na beira de uma estrada. O motorista do onibus me largou em frente. E uma moca conversou comigo todo o trajeto, perguntando se eu nao estava nervoso. Eu disse que nao. "Yo tengo la visa, debe ser burocracia". Aí ela nao ajudou muito. Comecou a dizer que os policias da imigracao sao os piores, que deportamgente pra caramba. Ai, ai...

Bati na porta, veio um guarda com um pedaco de frango frito na mao e mastigou-perguntou o que eu desejava. Disse que em Frontera Crorozal haviam me dito que eu precisava passar por ali. Com cara de cu ele abriu a portao e o portao e disse que iria chamar o responsavel. Outros tres guardas estavam sentados na mesinha da entrada devorando as outras partes do frango. Voltou o fulano que tinha ido chamar o responsável e me disse para esperar. Apareceu outro guarda e uma moca, meio biscate. Abriram a janelinha e perguntam o que eu desejava. Repeti a história. O cara me olhou com cara de susto quando eu disse que era brasileiro. Novamente fez uma vistoria completa no passaporte. A moca entrou para chamar mais alguem. Enquanto isso o guardinha comecou a abrir gavetas e gavetas. Numa tinha um monte de pacotes de bolachas, na outra, roupas, na outra remédios...até que achou o carimbo. Arrumou a data, testou numas pilhas de papel. E eu ali, sem entender porra nenhuma.

Chegou o chefe da reparticao. Ele olhou para o guarda, olhou para mim e disse: "Esse nao tem cara de brasileiro". Kukauakuakua. Nova vistoria no passaporte e um convite para eu entrar na sala e sentar numa cadeira. Interrogatório: de onde estava vindo, por que estou no méxico, qual é a moeda que se usa no Brasil, se eu tinha cartao de credito, qual a minha profissao, se eu estou empregado...Até que diz que estava tudo bem, que eu era brasileiro mesmo. "Pero es demasiado verde", completou. É como se referem aos americanos e europeus.

Cara, que alívio. Aí já partiram para a conversa informal: o Ronaldino é o cara, as finais do campeonato mexicano, as melhores praias do Mexico,onde é o melhor carnaval do Brasil, etc. Enquanto isso eu preenchia o formulario. Pronto. Fui para a beira do asfalto e esperei o microonibus para voltar. Quando cheguei, ja comprei minha passagem para Tulum, amanha a noite. Porque durante o dia, os templos de Palenque me aguardam!

Falando em templos...

Tikal
Peguei o onibus das 5h da manha para o parque de Tikal, em que esta a maior ruina maia da Guatemala. Como era de se esperar, busao lotado de branquelos. Flores, cidade em que eu estava, fica há 60 km de distancia. O albergue Los Amigos eh bem legal. Astral bom, comid aotima e ateh quenao tao cara, seis pessoas por quarto, tudo bem organizadinho. Conversei mais em ingles e alemao do que em espanhol nos dois dias em que estava lá. Fiz amizade comum casal holandes, com uma alemoa, com um jamaicano, com um suico...enfim, gente de toda a parte. Só tá difícil de encontrar brazuca.

Voltando ao parque (como podem perceber, to meio goiaba...comeco escrever sobre uma coisa, vou para outra, volto para a anterior...que confusao). A entrada em Tikal eh facada. O equivalente a 20 dolares. Mas vale cada centavo.

O parque ecologio em que estao as ruinas eh gigantesco. Quis chegar cedo porque havia lido que era fundamental para fugir de tursistas chatos e ter a chance de ver mais animais caminhando pela mata. A infra é super boa, os caminhos bem fáceis de percorrer. Só é tudo um pouco longe, o que exige ir com tempo mesmo. Quando comecei a caminhar achei que estava perdido. Só as placas de sinalizacao é que deixam um pouco a desejar - por isso, é bom comprar o mapinha na entrada. Enfim, caminhei uns 10 minutos e nada. Só passaros, uns quatis caminhando,um ratao do banhado correndo pela estradinha...até que veio a placa La Plaza Central. Mais uns cinco minutos caminhando e aparecem as primeiras piramides. Na boa, entrou para a minha lista das melhores sensacoes ja vividas (que continua encabecada pelas Piramides, no Egito). De repente, do meio das arvores surge aquele predio imponente. Lindo. Alias, tudo eh lindo em Tikal. As duas piramides gemeas na praca central sao circundadas por uma antiga acropole e por um palacio. Os primeiros registros de habitacao por aqui datam de 700 anos antes de cristo. A partir daí, foram construcoes e novas construcoes, algumas sobrepondo-se a outras, até consolidar uma magnifica cidade que, estima-se, teve 120 mil habitantes. As fotos estao no Orkut. Um vou colocar aqui.

Bah, escrevi demais. Beijos e abracos.
Hasta la Victoria Siempre! Estoy en la tierra del Subcomandante Marcos. Viva Zapata!
Gustavo







sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Gustavo link abá


Voltei do programa de índio. Nem foi tao indígena assim. Digamos que a propaganda é bem diferente da realidade em que vive a comunidade de Chicacnab, que foi a que visitei. Meu guia e anfitriao foi o Alfonso. O cara tem 21 anos de idade. Fez um curso de dois anos para ser guia e outro de dois anos para ser padeiro, profissoes que toca simultaneamente. Com ele moram o pai (que estava ausente, por estar trabalhando em Petén, outro estado), a mae, duas irmas, um irmao, a cunhada e a sobrinha.

Saímos daqui cedo. Fomos pegar um onibus de Coban para Carchá, cidade vizinha. Lá, esperamos por uma hora e meia até chegar o transporte que nos levaria a San Lucas, um minúsculo povoado, que é o mais próximo que existe de Chicacnab. Chegamos as 13h. Depois, foram 1h45 morro acima, num lodo só. Quando comentei que o atoleiro era grande, Alfonso me disse que eu nao tinha visto nada, pq é a melhor época do ano, a mais seca. A subida nao foi das mais dificeis. A casa dele fica bem no alto do morro. E feita de madeira, o piso é de terra. Boa parte dela está coberta com palhas. Mas há um pedaco que já tem teto de zinco. Dentro, há uma pequena divisao de madeira, que é o quarto de hospedes. Na sequencia, um quarto amplo, com algumas camas sem colchao. Dormem sobre umas palhas, umas esteiras parecidas com as que levamos para a praia. Ali estao tambem as roupas de todos, penduradas em um varal que corre de ponta a ponta. Por ultimo, vem a area mais frequentada da residencia, uma espécie de cozinha. No chao fica acesso, 24 horas, o fogo. É fumaca e mais fumaca. Todos ficam sentados ali, ao redor do calor, onde tambem é feita a comida. A oscilacao de temperatura é violenta. As 15h estava de manga curta e de havaianas. As 16h30, estava de jaqueta e de meias. Comem demasiadamente. Muito ovo, tortillas, tomate e arroz. Ontem rolou Tuyuyo, uma tortilla recheda com feijao. No cafe da manha, mais uma vez. nao to aguentando. Acho que o Greenpeace, em breve, vai proibir a dieta guatemalteca. se as ovelhas australianas sao culpadas pelo buraco na camada de ozonio, a Guatemala deve ser duplamente. Na cozinha tambem estao penduradas varias espigas de milho. É o estoque para o ano. As galinhas que criam ficam num constante entra e saí da casa, pedindo comida. tsc, tsc, tsc...mal sabem elas o futuro que as espera.

Alfonso é o único que fala espanhol na casa. Trabalha 12 horas pordia para produzir uma média de 600 paes. As irmas o ajudam e um vizinho (a casa dele fica a uns 500 metros de distancia e abriga a padaria) é sócio na empreitada. Os demais só se comunicam em keqchi, um idioma maia (aqui sempre é assim, o idioma maia - sao mais de 60 - predomina nas pequenas cidades). Assim, fica bem difícil a conversa e dependi muito do intérprete. Consegui aprender algumas palavrinhas. "Wamb´i" siginfica adeus. "Ani Lakaa´bá?" siginifica "como é seu nome?". "Twaj ilok il tz´il Quetzal" é "quero ver o pássaro Quetzal". "Twaj atink", "quero tomar banho". Aliás, nada de banho. depois de suar feito um porco, de atola rno barro, nem perto de um chuveiro. Ninguém toma banho, em razao do frio. Voltando a lingua, memorizei umas 20 palavras e expressoes. Mas a pronúncia é bastante complicada.

O dia-a-dia na casa é o seguinte: saem para trabalhar cedo, lá pelas 6h. A mae, Maria, colhe feijao durante o dia. Assim que regressa trata de selecioná-los e já inicia o preparo. O irmao e as irmas partem para a cidade, onde vendem os paes que Alfonso faz com a ajuda delas e trazem ingredientes, como banana, para fazer mais no dia seguinte. Lluvia, a cunhada, é quem passa o dia em casa, trata de cozinhar, de trabalhar no tear e de cuidar de Norma, a filha de apenas tres anos, que é um doce de criatura. Dá vontade de levar pra casa.

Todos os outros regressam por volta de 18h. É quando contabilizam os ganhos. Ficam fazendo contas e distribuindo o dinheiro. Estao economizando pq pretendem, no ano que vem, abrir uma loja para vender roupas. Lá pelas 20h, todos para a cama. Nao há energia elétrica. No outro dia, o ciclo recomeca.

Os passeios pela mata foram bacanas ,mas nada de especial. Nao tive sorte e por isso nada de ver um Quetzal, a ave símbolo do país. Voltei ontem. Na parte da noite. E to meio mal. Passei a noite abracado no vaso sanitario e com uma dor de cabeca infernal. Tenho quase certeza que é da água que tomei em Chicacnab, que é de um pequeno corrego. Foi fervida, mas tava muito suja. Por isso adiei minha viagem a Flores. Nao to em condicoes de pegar seis horas de estrada.

Un temporal de amor
Bem que se diz que o peixe morre pela boca. No furgao a caminho de Chicacnab comeca a tocar uma musica e penso: eu conheco esta voz. Ela continua e eu: eu conheco esta musica..."Y cuando llegues tú / Con la ropa mojada / Quiero ser la toalla / Que te cubra de amooooooorrrrr. Caralho, Leandro e Leonardo em espanhol. Ninguém merece.

beijos

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

A terra da garoa é Cobán!

Buenas, hoje rolou galinha no onibus (um micro-onibus na verdade). mas tava frita. Teve crianca mijando em garrafa de Pepsi e despachando pela janela, teve gente abrindo bergamota (ou mexirica, para os paulistas), enfim, de tudo um pouco. Madruguei pelo terceiro dia consecutivo, desta vez para sair de Santa Cruz del Quiché para Cobán. Depois escrevo sobre Santa Cruz. Primeiro, vamos à viagem.

Definitivamente, cardíacos nao devem optar pelo onibus guatemaltecos. Aas viagens sao cheias de adrenalina, ja que as estradas sao pessimas e os motoristas um tanto quanto pirados. Saimos de Santa Cruz mais tarde do que eu queira, lá pelas 8h. Foram duas horas e meia tranquilas de viagem até Uspantán, onde tive de trocar de ônibus. Tranquila na medida do possível, já que estavamos socados. A partir de Uspantán é que o bicho pegou. Boa parte do trajeto é em estrada de chao. Uma buraqueira dos infernos. Daquelas de matéria espacial do Jornal Nacional. Muitos trechos tem deslizamentos ocupando metade da via. Em alguns momentos realmente acho que os motoristas se apegam a Jesus, respiram fundo e vao pro "seja o que deus quiser". Simplesmente nao tem visibilidade e, se vier alguem do outro lado, sei la como fazem para solucionar a situacao ja que soh ha espaco para um. Foram mais tres horas. To moido. A paisagem ateh que eh legal, muitas montanhas.

O pior das viagens nao é nem o percurso e nem o aperto. O foda sao as musicas. Caralho, to com saudades de Leandro e Leonardo (kuakuakua). Aqui o padrao eh o seguinte: músuica melosa e péssima. Tudo é ruim. A voz é insuportavelmente chata. O cantor parece que esta tendo os bagos esmagados por tijolos enquanto solta o verbo. E os arranjos conseguem ser piores. Sempre há um orgaozinho destestável fazendo nheconheconheco. Raras vezes ha violao ou viola para tentar salvar a pátria. Só tentar, diga-se. Buenas,vamos prosseguir.

Chegamos a Coban e o ceu nos recepcionou da maneira que, pelas leituras que havia feito, era de se imaginar. Aqui, em media ha de 15 a 20 dias de sol por ano. Normalmente os dias sao cinzas e há uma garoa fina. A cidade eh um pouco maior e aqui as roupas típicas deram lugar ao jeans. Tem até shopping center. Cheguei, fui caminhar pelas calles, até a praca central. Depois fui procurar a Ecoquetzal, uma ONG que trabalha com índios da regiao. Amanha parto com um deles para uma jornada pelo meio do mato. Serao tres dias. Espero nao morrer de frio, principalmente na hora de tomar banho.

Buenos, antes de me despedir, um pouco sobre a passagem por Sanbta Cruz del Quiché. A cidade nao é muito acostumada a receber turistas. Dava pra notar, pela cara de espanto de quem me via pelas ruas. Fui até lá para conhecer as ruinas de Kumarkaaj. Era onde ficava a tribo Quiché, a primeira a enfrentar os espanhóis na Guatemala. É uma cidade do período clássico tardio. A caminhada até as ruínas foi boa, numa estradinha praticamente deserta. Uns quatro quilometros para ir e outros quatro para voltar. Confesso que a atracao em si foi um pouco decepcionante. restam apenas monticulos com alguns vestígios dos prédios. O que há de mais interessante é que, por exemplo, no templo a Tohil, um deus do céu maia, até hoje os índios acendem velas e incensos e fazem homenagens e pedidos. Outra coisa bacana é La Cueva. É um túnel que vai por 100 metros terra adentro. Contam que foi escavado em 1523, pouco antes da chegada dos espanhóis, pelos índios Quichés, para que as mulheres e criancas fossem escondidas durante as batalhas. Confesso que quando estava uns 25 metros para dentro, desisiti de ir adiante, tamanha a escuridao. E olha que eu tava com uma lanterna.

Depois voltei para a cidade. E lá ouvi a voz do Rei. Sim! Havia uma van parada e o cidadao escutava Robertao. "Voce, meu amigo de fé, meu irmao, camarada". Em seguida, fui pro mercado e fiz o negócio do ano. Dez tamales (é uma pamonha, bem tradicional por aqui) por 2 quetzales (R$ 0,70). Enchi o panduio. Na sequencia, nao havia mais muito o que fazer. Fiquei na feira mais um pouco, tomei um sorvete Sarita e fui pro hotel. Ganhei d eminha professora de espanhol uma versao infantil do Popol Vuh, a bíblia maia, e comecei a ler. Depois faco um resumo.

Buenas, me voy. Tenho de ir buscar a roupa que deixei para lavar.

Besos a todos,
Gu