segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Soy demasiado verde

A Guatemala ficou na poeira levantada pelo onibus que me levou até a cidade Behtel, as margens do rio Usamacinta, que separa o país do México. Na saída, a corrupcao institucionalizada. Cobraram 40 questzales da cada um. Nao ha qualquer lei que obrigue o pagamento. Confirmei como cara que me vendeu a passagem. Mas ele recomendou que eu nao teimasse. Nao sabia como os guardas poderiam reagir diante de uma negativa. Que merda. Mas tudo bem. Soh foi dificil o cara acreditar que eu sou brasileiro e que meu passaporte estava em ordem. Olhou, perguntou coisas sobre o Brasil, repassou as folhas do passaporte, perguntou quantos dias eu tinha ficado na Guatemala...enfim, um interrogatório. Até que um outro interferiu e disse para me liberar.

Como saímos as 5h da manha de Flores, na Guatemala, nos deram um tempo para comprar umas bolachas e tomar uma água. Depois, voltamos ao onibus e andamos mais uns 2 quilometros ateh chegarmos, efetivamente, a orelha do rio. Ali, eu e mais tres gringos - duas suecas e um ingles - pegamos um pequeno barco conduzido por um guri que nao deve ter passado dos 14 anos. Fomos contra a corrente rio acima, por uns 20 minutos, até atracarmos na pequena e apavarontemente feia cidade de Frontera Corozal. Taxistas já ficam ali esperando o desembarcar para levar para a estacao rodoviária, de onde partem os onibus em direcao a Palenque.

Antes, de seguir viagem, mais uma parada num posto de fronteira. O ingles apresentou o passaporte, recebeu um formulario que devolveu em seguida e pronto. As suecas demoraram um pouco mais, mas porque nao entendiam como fazer para pagar a taxa de turista que é obrigatória. Até que chegou a vez do tupiniquim que vos escreve. O cara olhou o passaporte, olhou para mim, pediu para eu tirar o quepe, olhou novamente, passou folha por folha o documento e sacou o celular. Foi para uma sala. Só consegui ouvir ele dizendo que tinha um brasileiro na fronteira. Voltou e disse que nao poderia carimbar meu passaporte. Que ao chegar em Palenque eu deveria me dirigir ao Escritório do Servico de Imigracao - que fica ha uns dez quilometros de onde estou hospedado.

Foram mais 1h30 de espera ateh a chegada do microonibus que nos trouxe a Palenque. Na saida da cidade, um grupo de pessoas nos pára. Cobraram 15 pesos de cada um. Segundo eles há uma lei de preservacao que torna obrigatorio pagar ess ataxa. Nunca tinha lido nada a respeito. Mas sei lá. os sujeitos estavam armados...O ingles que tava com a gente nao tinha um puto. Me ofereci para pagar ou o cara ia ter de ficar por ali. O gringo tomou um susto com a oferta de ajuda, ainda mais que as suecas nao abriram a boca para prestar qualquer auxilio. Resvoldio o impasse, finalmente chegamos a estrada. O busao era pinga-pinga como todos os outros. Mais 2h45 de viagem e chegamos. No caminho, duas blitzes de militares nos abordaram. Numa, pediram a nacionalidade de cada um. Quando eu disse que era brasileiro,perguntaram se eupodria mostrar o que levava na mochila de mao. Mostrei na boa. Tudo certo. Na segunda, o cara abriu a porta e comecou a falar sem que a gringada entendesse nada. Aí fui falando por eles. Perguntou de onde estavamos vindo. Respondi que todos estavamos juntos e vinhamos da Guatemala. Ai perguntou para cada um de que país era proveniente. Eu, logicamente, disse "soy de Brasil". E o milico: "No, onde resides?". E eu: "En Brasil, soy brasileño". Aí caiu a ficha.

Continuando. Quando chegamos a Palenque, fui logo para o hotel - que é bem legal, mas um pouco mais caro (uns R$ 30, mas tem banheiro privado e tv). Pedi como chegar ao escritório do Servico de Migracao. O cara me deu o nome do onibus, que felizmente passa bem perto, na esquina, e fui. O escritorio da imigracao fica na beira de uma estrada. O motorista do onibus me largou em frente. E uma moca conversou comigo todo o trajeto, perguntando se eu nao estava nervoso. Eu disse que nao. "Yo tengo la visa, debe ser burocracia". Aí ela nao ajudou muito. Comecou a dizer que os policias da imigracao sao os piores, que deportamgente pra caramba. Ai, ai...

Bati na porta, veio um guarda com um pedaco de frango frito na mao e mastigou-perguntou o que eu desejava. Disse que em Frontera Crorozal haviam me dito que eu precisava passar por ali. Com cara de cu ele abriu a portao e o portao e disse que iria chamar o responsavel. Outros tres guardas estavam sentados na mesinha da entrada devorando as outras partes do frango. Voltou o fulano que tinha ido chamar o responsável e me disse para esperar. Apareceu outro guarda e uma moca, meio biscate. Abriram a janelinha e perguntam o que eu desejava. Repeti a história. O cara me olhou com cara de susto quando eu disse que era brasileiro. Novamente fez uma vistoria completa no passaporte. A moca entrou para chamar mais alguem. Enquanto isso o guardinha comecou a abrir gavetas e gavetas. Numa tinha um monte de pacotes de bolachas, na outra, roupas, na outra remédios...até que achou o carimbo. Arrumou a data, testou numas pilhas de papel. E eu ali, sem entender porra nenhuma.

Chegou o chefe da reparticao. Ele olhou para o guarda, olhou para mim e disse: "Esse nao tem cara de brasileiro". Kukauakuakua. Nova vistoria no passaporte e um convite para eu entrar na sala e sentar numa cadeira. Interrogatório: de onde estava vindo, por que estou no méxico, qual é a moeda que se usa no Brasil, se eu tinha cartao de credito, qual a minha profissao, se eu estou empregado...Até que diz que estava tudo bem, que eu era brasileiro mesmo. "Pero es demasiado verde", completou. É como se referem aos americanos e europeus.

Cara, que alívio. Aí já partiram para a conversa informal: o Ronaldino é o cara, as finais do campeonato mexicano, as melhores praias do Mexico,onde é o melhor carnaval do Brasil, etc. Enquanto isso eu preenchia o formulario. Pronto. Fui para a beira do asfalto e esperei o microonibus para voltar. Quando cheguei, ja comprei minha passagem para Tulum, amanha a noite. Porque durante o dia, os templos de Palenque me aguardam!

Falando em templos...

Tikal
Peguei o onibus das 5h da manha para o parque de Tikal, em que esta a maior ruina maia da Guatemala. Como era de se esperar, busao lotado de branquelos. Flores, cidade em que eu estava, fica há 60 km de distancia. O albergue Los Amigos eh bem legal. Astral bom, comid aotima e ateh quenao tao cara, seis pessoas por quarto, tudo bem organizadinho. Conversei mais em ingles e alemao do que em espanhol nos dois dias em que estava lá. Fiz amizade comum casal holandes, com uma alemoa, com um jamaicano, com um suico...enfim, gente de toda a parte. Só tá difícil de encontrar brazuca.

Voltando ao parque (como podem perceber, to meio goiaba...comeco escrever sobre uma coisa, vou para outra, volto para a anterior...que confusao). A entrada em Tikal eh facada. O equivalente a 20 dolares. Mas vale cada centavo.

O parque ecologio em que estao as ruinas eh gigantesco. Quis chegar cedo porque havia lido que era fundamental para fugir de tursistas chatos e ter a chance de ver mais animais caminhando pela mata. A infra é super boa, os caminhos bem fáceis de percorrer. Só é tudo um pouco longe, o que exige ir com tempo mesmo. Quando comecei a caminhar achei que estava perdido. Só as placas de sinalizacao é que deixam um pouco a desejar - por isso, é bom comprar o mapinha na entrada. Enfim, caminhei uns 10 minutos e nada. Só passaros, uns quatis caminhando,um ratao do banhado correndo pela estradinha...até que veio a placa La Plaza Central. Mais uns cinco minutos caminhando e aparecem as primeiras piramides. Na boa, entrou para a minha lista das melhores sensacoes ja vividas (que continua encabecada pelas Piramides, no Egito). De repente, do meio das arvores surge aquele predio imponente. Lindo. Alias, tudo eh lindo em Tikal. As duas piramides gemeas na praca central sao circundadas por uma antiga acropole e por um palacio. Os primeiros registros de habitacao por aqui datam de 700 anos antes de cristo. A partir daí, foram construcoes e novas construcoes, algumas sobrepondo-se a outras, até consolidar uma magnifica cidade que, estima-se, teve 120 mil habitantes. As fotos estao no Orkut. Um vou colocar aqui.

Bah, escrevi demais. Beijos e abracos.
Hasta la Victoria Siempre! Estoy en la tierra del Subcomandante Marcos. Viva Zapata!
Gustavo







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