terça-feira, 2 de dezembro de 2008

A terra da garoa é Cobán!

Buenas, hoje rolou galinha no onibus (um micro-onibus na verdade). mas tava frita. Teve crianca mijando em garrafa de Pepsi e despachando pela janela, teve gente abrindo bergamota (ou mexirica, para os paulistas), enfim, de tudo um pouco. Madruguei pelo terceiro dia consecutivo, desta vez para sair de Santa Cruz del Quiché para Cobán. Depois escrevo sobre Santa Cruz. Primeiro, vamos à viagem.

Definitivamente, cardíacos nao devem optar pelo onibus guatemaltecos. Aas viagens sao cheias de adrenalina, ja que as estradas sao pessimas e os motoristas um tanto quanto pirados. Saimos de Santa Cruz mais tarde do que eu queira, lá pelas 8h. Foram duas horas e meia tranquilas de viagem até Uspantán, onde tive de trocar de ônibus. Tranquila na medida do possível, já que estavamos socados. A partir de Uspantán é que o bicho pegou. Boa parte do trajeto é em estrada de chao. Uma buraqueira dos infernos. Daquelas de matéria espacial do Jornal Nacional. Muitos trechos tem deslizamentos ocupando metade da via. Em alguns momentos realmente acho que os motoristas se apegam a Jesus, respiram fundo e vao pro "seja o que deus quiser". Simplesmente nao tem visibilidade e, se vier alguem do outro lado, sei la como fazem para solucionar a situacao ja que soh ha espaco para um. Foram mais tres horas. To moido. A paisagem ateh que eh legal, muitas montanhas.

O pior das viagens nao é nem o percurso e nem o aperto. O foda sao as musicas. Caralho, to com saudades de Leandro e Leonardo (kuakuakua). Aqui o padrao eh o seguinte: músuica melosa e péssima. Tudo é ruim. A voz é insuportavelmente chata. O cantor parece que esta tendo os bagos esmagados por tijolos enquanto solta o verbo. E os arranjos conseguem ser piores. Sempre há um orgaozinho destestável fazendo nheconheconheco. Raras vezes ha violao ou viola para tentar salvar a pátria. Só tentar, diga-se. Buenas,vamos prosseguir.

Chegamos a Coban e o ceu nos recepcionou da maneira que, pelas leituras que havia feito, era de se imaginar. Aqui, em media ha de 15 a 20 dias de sol por ano. Normalmente os dias sao cinzas e há uma garoa fina. A cidade eh um pouco maior e aqui as roupas típicas deram lugar ao jeans. Tem até shopping center. Cheguei, fui caminhar pelas calles, até a praca central. Depois fui procurar a Ecoquetzal, uma ONG que trabalha com índios da regiao. Amanha parto com um deles para uma jornada pelo meio do mato. Serao tres dias. Espero nao morrer de frio, principalmente na hora de tomar banho.

Buenos, antes de me despedir, um pouco sobre a passagem por Sanbta Cruz del Quiché. A cidade nao é muito acostumada a receber turistas. Dava pra notar, pela cara de espanto de quem me via pelas ruas. Fui até lá para conhecer as ruinas de Kumarkaaj. Era onde ficava a tribo Quiché, a primeira a enfrentar os espanhóis na Guatemala. É uma cidade do período clássico tardio. A caminhada até as ruínas foi boa, numa estradinha praticamente deserta. Uns quatro quilometros para ir e outros quatro para voltar. Confesso que a atracao em si foi um pouco decepcionante. restam apenas monticulos com alguns vestígios dos prédios. O que há de mais interessante é que, por exemplo, no templo a Tohil, um deus do céu maia, até hoje os índios acendem velas e incensos e fazem homenagens e pedidos. Outra coisa bacana é La Cueva. É um túnel que vai por 100 metros terra adentro. Contam que foi escavado em 1523, pouco antes da chegada dos espanhóis, pelos índios Quichés, para que as mulheres e criancas fossem escondidas durante as batalhas. Confesso que quando estava uns 25 metros para dentro, desisiti de ir adiante, tamanha a escuridao. E olha que eu tava com uma lanterna.

Depois voltei para a cidade. E lá ouvi a voz do Rei. Sim! Havia uma van parada e o cidadao escutava Robertao. "Voce, meu amigo de fé, meu irmao, camarada". Em seguida, fui pro mercado e fiz o negócio do ano. Dez tamales (é uma pamonha, bem tradicional por aqui) por 2 quetzales (R$ 0,70). Enchi o panduio. Na sequencia, nao havia mais muito o que fazer. Fiquei na feira mais um pouco, tomei um sorvete Sarita e fui pro hotel. Ganhei d eminha professora de espanhol uma versao infantil do Popol Vuh, a bíblia maia, e comecei a ler. Depois faco um resumo.

Buenas, me voy. Tenho de ir buscar a roupa que deixei para lavar.

Besos a todos,
Gu

Um comentário:

Erika. disse...

Meu, por onde tu andou? Dois dias sem notícia? Tava vendo a hora que iam me ligar pedindo pra buscar seu escalpo. Mas me enganei: isso pode acontecer daqui a três dias. Jura que vai se meter na selva com um índio? Fala sério: tá pagando promessa aí né? Ou rolou uma coisa de cu com o índio? Desculpe, não resisti. Sei que tu é muito macho, apesar de gaúcho (he, he, he). Tamale eu conheço, minha mãe sabe fazer e eu adoro. E aí? Pediu pro Maximum enterrar os bambi no domingo? Só ele pode fazer o Grêmio ganhar e o São Paulo perder. E viva o Máximum. Bom, hoje combinei com a Má de ir buscar o Gustavito pra levar pra Contadino (todo mundo o quer lá). Ah, seu monitor subiu no telhado viu? E amanhã deve descer diretamente para a mesa da Marina (quiá, quiá, quiá). Rei morto, Rei posto! Brincadeirinha.... Bom, se cuida tá? Lembrou de levar a carteirinha da Funai? Porque, vamo cominá, esse sim será um programa cinco flechas! Beijos no tacape!